Casas, Mangaratiba, Brasil- 设计师:Tripper Arquitetura
- 面积:534 .0m²
- 年份:2016
- 摄影:Denilson Machado – MCA Estúdio
- 建造商:Arte Maior, Cavazzoni Marcenaria, Cerâmica Atlas, Palimanan, Pasinato, Rio Mármores
- 负责建筑师:Marcelo de Souza Moura
- Equipe:Marcelo de Souza Moura, Fabio Barbosa, Gabriela Perez Chaves, Mariana Santiago
- Execução:Driannus Engenharia
- Cálculo Estrutural E Projeto De Instalações:Madson André de Freitas - MF Engenharia
- 景观设计:Daniela Infante
- Projeto De Iluminação:Ugo Nitzsche - NTZ Iluminação
- Texto:Francesco Perrotta-Bosch
- 设计师描述 | Designer description:O projeto parte da interlocução entre uma topografia que, concomitantemente, molda e é moldada pela arquitetura. Concebida pelo arquiteto Marcelo Moura, do escritório carioca Tripper Arquitetura, a residência é composta por uma sucessão de planos sobrepostos, cada qual partindo do encontro com o solo para se lançar em balanço, fato que acaba por estabelecer uma condição dupla:todos os níveis da casa são contíguos ao terreno, proporcionando uma percepção de casa térrea em todos os pavimentos, ao mesmo tempo que os pisos se tornam lajes em suspensão, isto é, terraços em altura. Por meio deles, a proposição arquitetônica aproxima-se da tradição da grande casa colonial brasileira – a moradia circundada pela generosa varanda. Esses solários e sacadas fazem a intermediação entre os espaços íntimos da casa e a exuberante paisagem natural que a envolve.
- Localizado em Mangaratiba, no litoral fluminense, o íngreme terreno fica a poucos minutos da praia, mas não a tem em sua vista. O que se descortina é o vasto panorama serrano, com uma sequência de montanhas cobertas pela Mata Atlântica. A implantação da Casa Portobello é respeitosa com a natureza existente na gleba:ocupa-se uma área relativamente exígua do lote, com pouca movimentação de terra, e faz-se uso de métodos construtivos – em especial, a estrutura metálica – que minimizam as atividades in loco e o tamanho do canteiro de obras.
- No embasamento estão as áreas de fruição. Incrustrado ao solo, emerge o volume em cujo topo está a piscina azul, com formato em L e na qual se lança mão do artifício da “borda infinita”. Mesmo sendo estruturado em concreto, o que vemos desse prisma inferior é uma combinação entre a água e a madeira cumaru das pranchas que revestem as paredes e que compõem o deck. Quase imperceptível para quem, ao subir a rampa de acesso ao terreno, observa todo o conjunto construído, uma discreta porta em meio às réguas de madeira do embasamento nos conduz aos ambientes fechados de lazer – salão de jogos, cinema e sauna. Na cota da piscina, o solário é contíguo a um recinto coberto pelo plano superior em suspensão:nesse espaço está a churrasqueira e uma copa dando apoio a refeições e confraternizações ao ar livre.
- Subimos as escadas de degraus (idênticos, porém desalinhados) que se assentam sobre o aclive gramado e chegamos ao patamar central do conjunto construído – o térreo da casa propriamente dita.Um longo muro de contenção de pedra proporciona o encaixe da edificação ao relevo. Nesta altura também está o fim da via curva de acesso dos veículos e, em seguida, o platô com piso em madeira que envolve a residência. Há nele um trecho proeminente que se lança em um balanço estruturado por perfis I metálicos. A proteção dos limites dessa ampliação do deck não se dá por um guarda-corpo convencional, mas por um banco com assentos em madeira cumaru e erguido por delgadas e precisas chapas de aço de formato trapezoidal que permitem uma ligeira expansão para além do perímetro do piso.
- A Casa Portobello é constituída de estrutura metálica com uma modulação quadrada de eixos distantes seis metros um do outro. No pavimento social encontram-se os dois módulos destinados ao convívio (salas de estar e jantar em um ambiente único), caracterizados por uma total transparência e continuidade entre exterior e interior – grandes portas de correr em vidro fazem essa diáfana mediação. Por sua vez, o outro módulo, em que estão os serviços (cozinha, lavanderia, lavabo), é mais fechado e recluso sob uma parede revestida em filetes de pedra – o que de certo modo corrobora a índole tátil dos diferentes planos e fechamentos da residência. Estes espaços internos são envolvidos por uma espécie de alpendre (isto é, pela laje do andar superior em balanço), o que protege a sala de uma maior incidência dos raios solares e das intempéries.
- Há algo de solene e surpreendente ao subir a escada interna:começamos com degraus em blocos de mármore travertino, depois temos uma sequência linear de placas de madeira em balanço, onde se faz a transição da ampla e horizontal área da sala para o estreito e vertical espaço encimado por uma claraboia que banha o ambiente de luz natural, e, por fim, inesperadamente, não chegamos a um pavimento elevado, mas a uma passagem contígua a um pequeno jardim íntimo – um breve plano gramado entre a casa e o começo da colina com a mata. Se, aos fundos, temos um corredor colado ao terreno, pela fachada frontal lemos o andar como um piano nobile.
- Nele há quatro suítes dispostas lado a lado. Os quartos abrem-se para os dois lados – obtendo-se a proverbial ventilação cruzada, mais do que justificada pelo ar simultaneamente litorâneo e serrano do lugar. Por sua vez, os banheiros relacionam-se com o exterior sempre por meio de claraboias no teto, isto é, a relação se dá pelo céu, com um cambiante jogo de luz e sombra, que se distingue a cada estação, mês, dia. Esse conjunto de suítes é circundado por uma generosa varanda, que acaba por ter uma dupla função, tanto de comunicação entre os quartos quanto de estar para se contemplar a paisagem. Externos ao guarda-corpo de vidro duplo, a proteção contra a insolação excessiva da tarde é feita por seis painéis móveis compostos por sarrafos de madeira horizontalmente paralelos. Há aqui claramente uma correspondência material entre planos verticais e horizontais, entre os painéis quebra-sol e os tetos em cumaru da varanda superior e do alpendre inferior. O balizador de tais relações são as vigas em perfil I metálico (fazendo as vezes de um entablamento contemporâneo) que estruturam e circundam as lajes tanto do piso das suítes quanto da cobertura – esta, uma laje plana acobertada com argila expandida.
- Para além de ser grande residência com diferentes espaços destinados ao lazer e descanso de uma família nos finais de semana, há na proposta um conjunto de referências de um arquiteto com 30 anos que se consubstanciam no desenho rico em pormenores construtivos e na arregimentação de materiais muito distintos. Em primeira e última instância, estamos frente a um projeto que visa à conciliação entre o solo natural e o engenho arquitetural.
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